Atividades de 2014 no Bloco do Beco

10092014_encontrodeestudantesemluta-e1410227544419Em 2014, começamos a utilizar o espaço do Associação Bloco do Beco para realizar nossas atividades. Além de realizar lá nossos encontros periódicos do Laboratório de Estudos de Educação Popular, realizamos também outras atividades em articulação com outros coletivos, como discussões sobre drogas, gênero e ditadura.

O Laboratório de Estudos de Educação Popular é uma atividade que organizamos já há quase dois anos. A proposta dos encontros são ser um momento de reflexão sobre a educação, onde analisamos o seu estado atual, compreendemos os seus problemas e limitações, e pensamos no que podemos fazer para transforma-la. Nessa perspectiva, no primeiro ano do laboratório nos debruçamos em fazer a crítica sobre esse modelo atual de educação, e estudamos algumas formas alternativas que já foram praticadas, como a educação popular de Paulo Freire, as Escolas Modernas e o ensino racionalista, entre outras.

Neste ano buscamos nos aproximar mais da realidade concreta. Para isso, fomos atrás de casos reais que haviam acontecidos dentro das escolas brasileiras, e que demonstravam de fato o que como é o cotidiano escolar. Vimos nesse processo diversos exemplos de escolas onde as direções eram extremamente autoritárias, e muitos casos de abuso de autoridade. Tivemos conhecimento de histórias de perseguições a estudantes, e até mesmo casos de agressão moral. Percebemos que não existem mecanismos eficazes para que os estudantes possam denunciar esses casos de abuso, e acreditamos que isso seja extremamente necessário. Então, como perspectiva do coletivo, visamos incentivar no próximo período algum meio onde possam ser feitas essas denúncias.

Eescola1m um segundo momento, estudamos a proposta pedagógica do estado, com o intuito de pensar formas de se praticar os círculos de cultura dentro da sala de aula. Os círculos de cultura foram um método criado por Paulo Freire, e que nós utilizamos tanto no Laboratório quanto nas atividades que fazemos nas escolas (leia mais sobre os círculos). Queríamos entender se é possível ter uma prática similar a nossa na condição de professor dentro do ensino público. Pudemos perceber que a estrutura pedagógica institucional funciona para enrijecer totalmente a educação, e torna-la um padrão. O sistema educacional busca inviabilizar a utilização de qualquer método alternativo, pois o estado impõe seu modelo a partir da exigência de cumprimento de cronogramas e de uma serie de metas já previamente estabelecidas. Tudo isso foi sem dúvida pensado sob a premissa de um ensino hierarquizado, onde o(a) educador(a) se coloca como sujeito totalmente superior, o que afasta ele(a) dos educando(a)s. No entanto, acreditamos que uma educação libertadora pode influenciar a prática de um professor(a) dentro da sala de aula, e que há brechas que possibilitam em certa medida serem colocados em prática alguns métodos alternativos.

No segundo semestre, em conjunto com o Coletivo DAR, o Bloco do Beco e o Coletivo Tamo Vivo, realizamos uma serie de encontros para discutir a questão das drogas. Foram um total de 6 encontros, falamos sobre a história da proibição de algumas drogas, criminalização da pobreza e violência policial, e também algumas ideias relacionadas à redução de danos. Desses encontros foram produzidos alguns fanzines, dos quais cada um trata especificamente de uma substância, e busca esclarecer questões relacionadas a aquela substância.

Também realizamos alguns debates pontuais. Houve alguns encontros de um grupo de discussão sobre gênero com mulheres jovens da região, e uma mesa de debate sobre ditadura, com participação de militantes da região que lutaram contra o regime militar.

Para nós foi muito gratificante participar de todas essas ações. Ao mesmo tempo que conseguimos nos aprofundar em todos esses temas, também pudemos conheces novos coletivos e indivíduos que estão na mesma luta que nós, porém em campos diferentes, e pudemos trabalhar juntos para viabilizar cada uma dessas atividades.

Todos essas ações foram frutos de construções coletivas e horizontais. Elas só foram possíveis devido à disposição de todos os grupos envolvidos em construir processos autônomos, sem depender do estado e nem de ninguém, feitos de nós para nós.