O direito à educação é sem dúvida uma conquista da classe trabalhadora, mas nos últimos anos, assim como tem acontecido com diversas outras conquistas dos trabalhadores, a educação está sofrendo um processo de sucateamento continuo.
Mas afinal, o que seria uma boa educação? Prédios chiques? Equipamentos tecnológicos? Para nós, só isso não é suficiente para proporcionar uma educação digna.
Se olharmos para o que as hegemonias econômicas capitalistas chamam de uma boa educação, é possível detectar falhas éticas e conceituais constantes. Na sociedade capitalista, vemos que em grande parte das escolas públicas ou privadas, a educação não segue princípios que para nós são fundamentais num processo formativo real:
- Com difusão de idéias da ciência, da liberdade e da solidariedade para combater a coisificação da vida.
- Com um Ensino de caráter rigorosamente laico.
- Com uma formação emancipadora, que seja contrária ao trabalho alienado.
- Contra a violência e todas as suas formas simbólicas, racismo, machismo, homofobia.
- Que entenda a felicidade como uma face imaterial da saúde.
- Com uma educação questionadora, que análise os padrões sociais estabelecidos da sociedade.
- Com uma escola que não sirva somente como um meio de controle e de consolidação o poder das classes dominantes.
Temos visto nos últimos meses um grande descontentamento social, onde a população ocupou as ruas, e pudemos ver um dos resultados dessa carência de uma boa educação, com a despolitização de grande parte dos manifestantes, e o civismo cego e exacerbado que beira o fascismo. Uma das origens desse problema está na falta de uma formação política, que deveria ser fazer parte do cronograma escolar obrigatório.
Segundo Alysson Mascaro (2013) o Estado, tal qual se apresenta na atualidade, não foi uma forma de organização política vista em sociedades anteriores na história. Sua manifestação é especificamente capitalista. Ele como aparato capitalista media a relação entre capital e trabalho. Sem ele, o domínio do capital sobre o trabalho seria total e direto, ou seja, escravidão.
Nesse sentido o Estado considera a educação pública uma ação sem valor, pois não produz lucro. A sua função é somente fazer parte da formação cultural do domínio ideológico. Nas escolas públicas, a classe trabalhadora é preparada para ser dominada, e nas escolas do filhos da classe dominante, estes são preparados para dominar.
Portanto, ensinar no atual momento histórico se tornou uma ferramenta fundamental de transformação dos paradigmas sociais e para a sobrevivência humana. Nesse sentido, não nós referimos somente ao fim das opressões da classe trabalhadora, mas também para irmos na contra tendência da cultura do consumismo e da mercantilização da vida.
Para os que são contrários aos rumos que sociedade tem tomado, ensinar não pode ser somente um trabalho, uma profissão, e sim uma luta, pois devemos levar à juventude o que o sistema de ensino não quer que seja levado. Devemos levar a política, o questionamento, e apontar a esse jovens uma perspectiva de vida que não é só a exploração, a alienação e a coisificacao da vida, e sim a luta por direitos e dignidade.
Fotos do Coletivo Katu! em atividade na EE Professora Carolina Cintra da Silveira.